“Quais são as maneiras de ajudar alguém em depressão?” É normal se deparar com essa pergunta já que a cada dia vemos mais pessoas sendo afetadas por essa doença.
Para se ter ideia, o Jornal da USP mapeou que 5,8% da população brasileira sofre com a enfermidade, e somos o país com maior número de depressivos na América do Sul.
Esse gigantesco aumento na quantidade de pessoas afetadas faz com que a ciência busque novas alternativas para tratamentos da doença, como mostra matéria do G1.
Mas você, o que faria se surgisse alguém assim em seu ciclo social? É sobre isso que falaremos hoje: 8 maneiras de ajudar alguém em depressão.
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Sintomas da em depressão
Antes de tudo, a enfermidade não está apenas relacionada à tristeza. Há muitas formas dela se manifestar, uma pessoa pode transparecer alegria em público, mas ter um emocional abalada.
Segundo o médico Dráuzio Varella, o principal fator a ser notado são os exageros, como:
- Falta de apetite ou fome exagerada.
- Insônia ou sono excessivo.
- Ganho ou perda de peso.
- Ansiedade.
- Falta de libido.
- Desesperança ou pensamentos suicidas.
8 maneiras de ajudar alguém em depressão
Então, se você não gosta de ficar de braços cruzados, mas quer intervir nesse quadro, veja 8 maneiras de ajudar alguém em depressão:
1- Ouvir com atenção
Não é o momento de dar sua opinião, aconselhar, interromper ou compartilhar uma história da sua vida. É o momento de apenas se abrir para a pessoa desabafar e exteriorizar seus sentimentos.
Muitas vezes a pessoa com depressão se fecha porque toda tentativa de comunicação acaba em uma “disputa” para ver quem sofre mais. Sem falar que existem frases que podem parecer auxiliadoras, mas que agravam o problema:
- “Veja que vida linda você tem!”.
- “Há pessoas em condições muito piores”.
- “Você está reclamando à-toa”.
- “É só você ter força de vontade que você melhora”.
É importante entender que muitas vezes os problemas que desencadearam o estado melancólico são derivados de sobrecargas como as descritas nas frases acima. Por isso, a pessoa pode sentir-se mais impotente ao ouvir tais frases.
2- Convidar a pessoa para atividades relaxantes
Não é o momento de cobrar produtividade e proatividade, mas de lembrar a seu amigo, familiar ou cônjuge em depressão, que viver também é dar atenção a amenidades.
- Fazer uma caminhada.
- Sentar e tomar sol junto.
- Escutar músicas.
- Cozinhar.
- Sentar em uma praça.
Tudo isso pode ter um profundo impacto no cenário da vida da pessoa. Uma prática que é relaxante e sempre dá aquela revigorada no espírito é fazer escalda pés, a água quente dilata os vasos dos pés. E como lembra a medicina chinesa, ele faz conexões com o corpo todo.
Aqui vale lembrar que ao propor a atividade você precisa manter suas expectativas baixas. Não vai adiantar fazer uma caminhada, se no final da atividade você transferir uma ansiedade ao perguntar “se sente melhor?!”.
Tenha paciência com a pessoa em questão.
3- Estimule a pessoa a estar em grupo
Mas lembre-se que quem está em depressão pode ter dificuldades em interagir com novas pessoas, o ideal é que sejam grupos menores e com pessoas conhecidas. Neste caso, prefira:
- Pequenas reuniões na casa de amigos ou familiares.
- Dê prioridade a pessoas que não serão inconvenientes.
- Não force a barra para uma interação.
- Respeite a decisão da pessoa de ir embora antes do “encontro acabar”.
4- Retirando gatilhos
Se você participa do cotidiano da pessoa depressiva, uma ação estratégica pode ser remover os gatilhos que geram crises.
Por exemplo, as redes sociais podem ser um terreno delicado para quem não está bem, ajudar a filtrar o conteúdo recebido pode ser um bom passo. Sempre respeitando a individualidade do outro, é claro.
Evite discussões extenuantes, pois a depressão tende a deixar a pessoa letárgica. Se as poucas energias que ela tiver forem gastas com brigas, a melhora fica cada vez mais distante.
5- Relembre que a depressão é um estágio passageiro
Na maioria das vezes, o depressivo vê a realidade sob uma ótica distorcida. Por isso, sempre é bom lembrá-lo que ele já viveu momentos de alegria, entusiasmo e euforia e que essa doença que ele está passando tem tratamento.
Ou seja, sempre deixe bem claro que a pessoa não é sua depressão.
6- Mostre que você está por perto
Uma das maiores queixas de quem está deprimido é que se sente sozinho no mundo, ou que não possui amigos de verdade. Sabemos que isso é uma das sabotagens da mente, mas a pessoa não consegue discernir isso por conta da doença.
Por isso, é extremamente necessário manter um contato contínuo:
- Mande mensagens.
- Telefone ou faça chamada de vídeo.
- Compartilhe lembranças e faça marcações nas redes sociais.
- Demonstre a importância da relação de vocês dois.
- Proponha encontros presenciais, caso seja possível.
7- Fuja no senso comum
Se você está empenhado em ajudar alguém com esses sintomas, você precisa procurar informações que tenham base científica e não cair em dizeres como “é só falta de vitaminas”, “isso é frescura”, “Tem uma receita milagrosa”… Dê preferência a ler conteúdos relevantes na área.
Caso consiga, os materiais acadêmicos são mais indicados. Mas como a linguagem pode ser complexa para muitas pessoas, você pode se aventurar por documentários, como a série Mind Explained Netflix ou ver conteúdos especializados, como Dráuzio Varella
8- Indique ajuda especializada
Quem está imerso na bolha da depressão pode ter dificuldades em perceber as mudanças que estão acontecendo em seu comportamento. Assim, sua intervenção é vital para que ela perceba que precisa de ajuda.
Como se trata de uma doença, precisamos mostrar a pessoa com depressão que ela precisa de um profissional da saúde, muitas vezes, dependendo do grau é necessário uso de medicação.
Nesta perspectiva, você pode encorajar a pessoa de diversas formas:
- Mostrando relatos de pessoas que obtiveram melhoras ao realizar acompanhamento.
- Iniciando sua própria psicoterapia.
- Propondo uma consulta teste, para experimentar o tratamento.
- Conversando como ela está passando por uma doença que precisa de intervenção externa.
O mais importante, quando falamos de depressão é ter em mente que se trata de uma doença séria que tem que ser acompanhada por um profissional habilitado para isso.
Seu papel como amigo, familiar, ou parceiro é indicar um caminho que não só traga esperança, mas que considere o impacto que essa patologia traz para a saúde da pessoa.